Para não deixar provas de propina, Marin usava guardanapos
José Maria Marin, detido na última quarta-feira (27) depois de ser
indiciado por corrupção nos Estados Unidos, adotou uma metodologia
inusitada para solicitar as suas propinas que chegou a surpreender
parceiros comerciais, principalmente aqueles que não conheciam a CBF:
para não deixar qualquer rastro do valor que pediria a cada contrato, o
dirigente escrevia o quanto queria em sua conta privada sempre em
guardanapos de papel.
A estratégia de Marin foi relatada à reportagem por três diferentes
empresários que, desde 2012, foram obrigados a negociar contratos
comerciais com a CBF. Era de costume que os guardanapos viajavam de um
lado a outro das mesas de negociação, com os valores extraoficiais.
Segundo pelo menos um deles, Marco Polo del Nero também estava em
algumas dessas reuniões. Em um dos guardanapos usados em uma reunião
realizada na Europa, os interlocutores da CBF se surpreenderam quando o
valor colocado superava R$ 1 milhão em contratos ligados à seleção
brasileira.
No indiciamento da Justiça norte-americana contra Marin, o brasileiro
é pego falando abertamente de propinas e a conclusão do informe é de
que ele “fraudou” a CBF. Em outras ocasiões, Marin também aceitou
negociar com empresas no exterior, ainda que fossem oficialmente
sediadas no Brasil.
E-mails confidenciais obtidos pela reportagem revelam que uma destas
transações fora do País – e do controle do Fisco – envolveu uma empresa
do Grupo Figer no exterior. Atuando como intermediadores na assinatura
do que poderia ter sido um novo contrato com a CBF, os documentos
mostram que a família Figer ficaria com US$ 132 milhões por permitir
mais de 100 jogos da seleção entre 2012 e 2022, um valor superior ao que
ficaria com a CBF. O acordo não foi selado.
IG
Nenhum comentário:
Postar um comentário