Ex-diretor da Petrobrás confessa ter recebido propina de R$ 1,5 milhão
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, alvo
da Operação Lava Jato, confessou que recebeu R$ 1,5 milhão em propinas
na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Suas revelações
fazem parte do acordo de delação premiada que ele decidiu fazer em troca
de uma possível redução de pena.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira no Jornal Nacional, da
TV Globo. Costa teria relatado a existência de um esquema de corrupção
na polêmica operação de compra de Pasadena – transação iniciada em 2006
com a aquisição de 50% da refinaria de uma empresa belga, mas que levou a
Petrobrás ao desembolso de mais US$ 1,2 bilhão pela compra total.
O ex-diretor começou a depor dia 29 de agosto. A longa série de
audiências terminou na semana passada, mas o acordo de delação ainda
depende de homologação do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal
Federal. O caso foi remetido para o Supremo porque Costa citou pelo
menos 32 deputados e senadores e um governador supostamente
beneficiários do esquema de propinas.
Acesso. A Petrobrás e o presidente da CPI mista que investiga a
estatal no Congresso, Vital do Rêgo (PMDB-PB), voltaram a solicitar
nesta quinta-feira acesso aos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento
da companhia.
No pedido, a estatal afirma que quer apenas acesso aos trechos
relativos aos funcionários ou ex-funcionários da empresa e às empresas
“com quem mantém (ou manteve) relações comerciais”. O objetivo, segundo a
Petrobrás, é apurar eventuais irregularidades.
“O seu objetivo, com a obtenção dessas informações, é promover
procedimentos internos para apurar responsabilidades de empregados do
passado e do presente, bem como verificar a lisura das empresas por ela
contratadas e procedimentos de contratação”, afirma o documento
encaminhado à Justiça Federal do Paraná.
Já o senador Vital do Rêgo cita o despacho do ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, confirmando que já repassou à
comissão as cópias da documentação da Operação Lava Jato, que está sob
sua relatoria no Supremo.
No último dia 10, o STF encaminhou à comissão cópias dos documentos
da Lava Jato que estão tramitando na Corte. Apenas a parte relativa à
delação premiada não foi encaminhada.
O pedido do presidente da CPI mista inclui ainda a solicitação para
ter acesso aos depoimentos da ex-contadora do doleiro Alberto Youssef,
Meire Poza, e cópias dos documentos entregues por ela à Justiça.
Propinas. Na quinta-feira, o juiz Sérgio Fernando Moro, responsável
pelos processos da Operação Lava Jato, citou em uma decisão os
pagamentos de propinas ao ex-diretor da estatal e a políticos feito pelo
doleiro Alberto Youssef.
“Relativamente a Alberto Youssef, as medidas investigatórias
revelaram seu suposto envolvimento, na condição de líder, de grupo
criminoso dedicado à lavagem de dinheiro e a pagamento de vantagens
indevidas a ex-diretor da Petrobrás, sem contar pagamentos a dois
parlamentares federais”, escreveu o magistrado em um despacho
respondendo a solicitações das defesas dos réus.
A decisão do juiz ocorreu em um dos dez processos que tramitam na
Justiça Federal do Paraná como consequência da Operação Lava Jato.
Na delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa também há
menção a um esquema de pagamento de propinas para políticos utilizando
dinheiro de contratos da Petrobrás com empreiteiras que estão sob
investigação.
MSN
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